sábado, 12 de abril de 2008

VÉSPERAS

Véspera do dia mais difícil da minha vidinha sem graça.
É algo inenarrável... não há palavras, músicas, imagens ou qualquer outro tipo de manifestação que traduza na intensidade correta o que de fato foi pra mim esse dia, e os outros que se seguiram.
Mas hoje, e justamente hoje, o que sinto é narrável, e distante de tanta confusão. Essa conversa de que o tempo é o melhor amigo das horas tristes, tem alguma razão, por que mesmo sendo o tempo uma construção humana, ele devora a lembrança, e cerceia o coração.
Agora você é distante. Não o suficiente pra me deixar além de você. Mas o suficiente pra me sentar aqui e escrever sobre isso de forma serena. Com uma pontinha de lembrança dolorida. Com uma saudadezinha daquilo que foi bom e principalmente daquela sensação de segurança, que me fazia tão bem.
É que você era meu porto seguro. Nesses dia entendi que há diversos portos, e que só é preciso eu ancorar minha instabilidade em qualquer um deles. Mas as vezes acho que minha bússola ainda aponta pro seu norte.
Norte, sul, leste, oeste. Tudo depende de um referencial. Você não é mais meu referencial. Foi me tirado a rota por águas calmas. Tive que forçadamente me lançar "por mares nunca dantes navegados", enfrentar os perigos das noites de sábado, sozinha. Tive de reconhecer a beleza do nascer do sol enquadrada pela minha janela, sem ter ninguém com quem compartilhar.
Foi difícil. Doeu muito. Chorei. Dormi. Só não desisti. Por mais que as minhas forças minguassem.
Agora tô aqui. As vésperas.
Meu coração conhece já novas rotas. Há um caminho que eu desejo muito percorrer até o fim. Acabei de inciar a viagem, mas acredito que pode ser uma boa ida. E se não for, eu mudo pra rota alternativa. Me acostumei com isso.
Ainda faz falta. Você faz falta. Aquela vida previsível e igual, faz falta.
Caminhos novos já encontrei. Agora sonhos? Sonhos ainda não......
Os sonhos ainda estão temerosos.
A história do vazio está justamente aí: na ausencia dos sonhos. na ausencia de você.
Por que meu sonho era com você. Eu era você, era seu reflexo e seu complemento. Essa coisa toda é meio damática.
Mas ainda são as vésperas, as primeiras vésperas. Já há muito o que comemorar. Já há muita obra, e, também há esperança e esforço.
Há vida após você.

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