A uns dias atrás assisti a exumação do corpo do meu avô paterno. Ali deitado, de terno, na solidão da tumba eu o reencontrei.
Isso não estava previsto. Quando vi o caixão fechar e o enterro terminar fiz minha despedida definitiva e não pensei em torná-lo vê-lo, no entanto o vi, e o presente se fez passado ou o passado se fez presente.
Tudo era real, eu e o morto, o morto que era morto e enterrado, agora era só um morto.
Era a angustia da despedida outra vez. Era a solenidade do caixão carregado, e as orações pelo desconhecido novamente.
Meu peito se encheu da funebre saudade.
E o passado foi enterrado de novo.
Nessa tarde vi o último capítulo da novela uma vez mais. Ouvi aquela música um última vez outra vez. Muita vez! Muitas chances do passado virar o agora!
Eu me sinto atordoada! O futuro não me salva do que já foi! E eu sinto.... sinto.... e sinto...
Vou me inundando de coisas que já são conhecidas, mas se fazem e se refazem com tanta veemência que ocorrem inéditas de novo.
Pra todo lado que olho me reencontro, são pontes, brechas, signos de tudo o que foi e continua sendo, e vai se somando àquelas novas coisas que vão surgindo e eu vou expandindo. me abrindo, me inflando, inflamando, estourando...
O dia de hoje não é nada.Quando olho as horas elas me escapam e quando pensam que ela se foram pra sempre, elas saltam dos visores e me avisam que lá estou eu e elas de novo, no mesmo lugar...
O tempo parece que não vai, ele só fica.
Mas as coisas mudam, eu vejo que mudam: o corpo enterrado era cheio de carne e agora são só ossos; o último capítulo da novela era inédito e agora foi reprise.
O tempo passa, mas ele é lento, e é lento porque eu o percebo, o quero, o aperto entre os dedos.
Estou confusa! O que eram três tempos agora é só um.
Ensinando Clarinha
Há 11 horas
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