Não sei porque fiquei tanto tempo longe daqui, mas sei que hoje não tenho outro destino.
A dias me sinto estranha, fisicamente estranha, estragada, estarrecida, esvaziada.
Meu corpo ardeu, me deixou mole, cansada, sem forças, com dores. As vezes eu soube o motivo, outras não. Até uma unha inteira eu perdi de uma só vez.
A fome vem tímida e eu me canso.
Não sei o que há, mas sei que não é bom.
Choro.
Me drogo.
Agora fico prostrada.
O que era dor externa me penetra, me bagunça, me faz visitar a tristeza e conversar horas e horas com ela.
Tem gente que a evita, mas eu não, viramos amigas a algum tempo.
Se eu quisesse, me sacudia, me erguia e me tornava dia outra vez, e daí, ah sim! E daí esse negócio todo se exauria, e aquela criatura estranha resurgiria.
Porém, não quero, não ouso, só me recolho.
Não é só uma choradeira por asneiras sem fim. É um gritar desesperado por mais uma dose dakela droga, aquela maldita droga chamada felicidade. Eu me viciei nessa desgraça e agora padeço em tratamento eterno.
Meu corpo mesmo limpo ainda tem recaídas, ainda me deixa aqui assim, doente, febril.
Ensinando Clarinha
Há 11 horas